segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

29

os outros são nós
e nós somos eu e tu
tão próximos que um só. um só
nó.

Fiz as malas. É que nunca dividimos a mesma cama ou os mesmos gostos... tínhamos os sonhos, a insaciável carência, a falta de algo tangível. Tínhamos nada além de nós mesmos e a necessidade de doar-se. Uma frenética química de enters num universo paralelo; meu amor, o nosso amor era de outro mundo. Não mandarei mais cartas, embora tenha decorado seu endereço. Tudo que restará meu em ti serão as minhas letras mal escritas no papel cor-de-rosa e nossa imagem e desemelhança. Porque o perfume doce eu aposto que já evaporou-se, até mesmo da sua memória.
Mas eu ainda preciso te dar meu último acalento, desta vez em forma de adeus: Todas as minhas linhas eram reais. Quis amar-te até sucumbir, nosso canto com cheiro de café e teu corpo sobre o meu a esgotar-me; eu não mentiria para os teus olhos... Eles jamais me perdoariam.
Então encaremos, a minha vida e a tua já não se abraçavam como antes. Protetor, eu soltei a sua mão e me machuquei e gostei disso. (você sabe como eu gosto de apanhar). Estávamos ambos desesperados, procurando um estopim para a nossa fissão; qualquer trapo serviu: Dorido alívio.
Eu te quero indo longe, e longe de mim. Voaremos em direções opostas, meu anjo. Mas sempre no mesmo sentido.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Pra ele

Meu amor, eu te respiro sexualmente abstrato. Eu te devoro de todas as maneiras que meus olhos e mãos encontram. Dos artifícios, talvez reduzidos, eu faço gasolina para continuar a combustão. Te quereria mil anos para trás e frente, e te terei por um pouco mais de tempo. Esse, é relativo para quem ama, pois eu viveria uma vida de solidão em troca de um dia de você. Solidão? Também é relatividade. Pelo menos sim quando eu tenho a nossa música, de alimento e companhia. Você está aqui, amor. Em cada canção que compartilhamos, em cada lembrança e momento tão nosso. Nós não nos resumimos em futuro. O que vivemos até agora é REAL. Somos o domingo chuvoso, e também todos os dias; fazer da aventura a nossa rotina, e a minha camisa xadrez favorita saberia envolver a nós dois (e envolve). Você está aqui. Transformando gotas d'agua em sorrisos; e,em cada ocasião onde enchi a boca pra falar de ti, cheia de orgulho, você esteve presente. E ainda assim eu te respiro, amor, sexualmente abstrato.

domingo, 27 de setembro de 2009

27

(não ligo. não doeu. doeu sim. não muito.)


Cansou de impressionar escolhendo palavras a dedo.
Cansou de impressionar.

Cansou de não se permitir sentir as dores d'alma.
Cansou de não se permitir.

Cansou de engolir tudo a seco rasgando a garganta.
Cansou de engolir.

Cansou de entregar-se aos deleites das noites embriagadas.
Cansou de entregar-se.

Cansou de acreditar em todos os sorrisos bem dados.
Cansou de acreditar.

Cansou de fingir que tudo estava perfeito afim de não parar o show.
Cansou de fingir.

Cansou de dormir achando que no dia seguinte tudo se resolveria.
Cansou de dormir.

Cansou de perder tempo com amores de olhos cegos.
Cansou de perder.

Cansou de sonhar com o dia em que as nuvens todas fossem brancas.
Cansou de sonhar.

Cansou de tentar ser tão indefectível.
Cansou de tentar.

Cansou de ser ingênuo
Cansou de ser devasso
Cansou de ser moreno
Cansou de ser palhaço

Cansou de ser tudo
Que todo mundo quer
Cansou de ser menino
Cansou de ser mulher

Esse poema é de um poeta exausto, que de tanto amar, cansou-se.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

26

Primeiro disparo. De raspão na perna, eu a senti estremecer, tentei chorar de desepero. A mais alva obra-de-arte abrível, já misturada em rubros tons. Mas ela era tão forte, não caiu. Permaneceu fortaleza, deu um passo falhado em minha direção, um braço estendido. Transpirava perseverança, eu via nos seus olhos marejados de dor que ela não ligava em sofrer por essa crença em mim. Choraria com gosto pelo que amava.

Segundo disparo. Ombro ferido. Ela ajoelhou-se segurando o sangue nas mãos. Eu podia sentir o cheiro da tinta pegajosa que gotejava no chão. As suas roupas estavam eternamente manchadas, chamuscadas e úmidas, já não tinham mais salvação. Nem eu. Nem ela. Sabe, nevava. Nenhuma tempestade, só o suficiente para manter congeladas as minhas lágrimas e os meus dedos, impedindo-me de puxar o gatilho. Pausa para a antecipada culpa me consumir, esta que fez-me fitar seus olhos: Tão similares aos meus, armazenavam a vida dela e a felicidade minha. Eu podia assistir nossos melhores momentos refletidos no brilho e nas lágrimas que percolavam os traços delicados. Eu nunca saberei ao certo, mas acredito ter visto um olhar clamante por piedade. Eu conseguia escutar os tão sonoros lábios, ainda que estes permanecessem imóveis. Parecia pedir-me para tomar consciência, para amar-lhe do jeito certo, do jeito que ela fazia...

Terceiro disparo. Ela fechou os olhos de imediato para que eu não pudesse ler mais nada dali. O corpo deitou-se vagarosamente e a pequena espessura branca no chão deu lugar ao rio vermelho que escorria. Larguei a prova do crime ali mesmo, sem medo de ser descoberta, e fiz sentar-me do seu lado. Ela era a minha branca de neve, me pertencia, agora ainda mais. Eu presenciei o último dos suspiros, tranquilo e doce, morte morrida para salvar-me. Ela sabia disso. O silêncio berrava em meus ouvidos; as lágrimas descongelaram, estas me esquentavam e cuidavam de mim. Ainda tive forças para pegá-la nos braços e dizer: 'I need to take her cold body home'.

domingo, 6 de setembro de 2009

25

Queria olhar nos olhos escuros dele na hora que ele soubesse, que descobrisse a minha vingança. Não que eu seja adepta desse tipo de coisinha inha, talvez ele até já saiba, mas dessa vez a razão me cobre. Aquele jeito de enxergar esponja, de ser blasé. O carinha que me tirou lágrimas hoje me faz rir, e por mais que eu tenha perdido a linha eu já esqueci que te esqueci. Morenos são facilmente esquecíveis. Agora não tente flexionar o gênero... Hoje ele é só uma referência a ela.

Eu nunca passei por isso. im so not easily impressed. Mas os nossos olhos são gêmeos. Bendita vodca que me jogou nos braços tão iguais aos meus. Nas curvas tão minhas, na boca rósea, nos traços delicados, ela é singular. Eu não consigo parar de pensar nas tuas mãos completando meus seios. Não que eu esteja apaixonada, é diferente. é só uma vontade passageira que não passa...

E depois do ridículo e do impróprio tem o mais puro de todos. Mas ele não é digno das minhas linhas infames. Ele é o pai das estrelas. O lugar dele é outro.

Um dia os ombros cansam de carregar tantos abortos.
Um dia a gente sente vontade de se entregar, de ir até as últimas adversidades.
Um dia eu passei a sentir inveja dos burros e inconsequentes.

você quer ser a minha (in)con-sequência?

domingo, 23 de agosto de 2009

24

me enxerga
me olha de verdade
com olhos tão vorazes
capazes
de milagres
acidentes maleáveis
eu sou mais que a sua gerência

me enxerga
não sou o que pareço
nem ao menos me importo
comporto
pureza
em defesa daqueles que amam
eu amo mais que a sua decência

me enxerga
sou feita de insanidade
minha é tua gargalhada
espalhada
no vento
me contento com tanto
eu rio mais que a sua dormência

me enxerga
mas me veja com vontade
mesma é a minha ética
esquelética
conhecendo
e metendo os pés pelas mãos
eu sei mais que a sua ciência

me enxerga
eu posso te deixar insano
te amar tranqüilo
ou omiti-lo
sem padrão
sem ter chão ou escudo
eu sinto mais que a sua carência

me enxerga
dentro de mim tem compasso
e amor pela arte
forte
absurdo
e em tudo eu tenho fé
eu quero mais que a sua ausência

domingo, 9 de agosto de 2009

23

Sabe.. A Rússia me amava! Sou clemente, sou clamante calmamente com ardor. Feita de letras numa casa de cartas em meio à ventania pontiaguda, e do mais puro concreto misturado ao sangue enlameado, saiam as cordas cobertas de tinta vermelho brilhante. Tudo fedia a vodca naquela maldita neve! Sabe... Eu era o amor da vida da França! Pura boêmia, nos mais parisienses becos que encontrei e eu continuava tão sob a influência daquelas garrafas que mal conseguia acompanhar 'la marseillaise'. E era tudo muito verde, mas eu não estou falando de bosques e arvoredos, e sim de algo muito mais utópico: as fadas. Sabe... Já fui amante da Inglaterra. Até me tornei da corte... Todos os dias eu atravesso aquela ponte, só por ser fã da liberdade, por respirar e trancar o ar depois até se sentir zonza e poder sentir a maravilhosa sensação de absorver o oxigênio novamente. E até me sentindo ridícula pois que adorava tampar os olhos, contar até 10 e depois descobri-los esperando encontrar então alguma novidade. Ânsia pelo novo. Ânsia de vômito. E sabe... Ninguém me quis mais que a Holanda, eu era o próprio muro de Berlim, guerras já foram travadas em meus ombros, e fui morta pisoteada por um touro. Até renasci para Oslo e seus fiordes, e como renascimento virei poesia. E ser poesia é a mais difícil das tarefas, porque quando se é palavra não somos só um, somos tudo e todas as coisas do mundo, somos o mundo! Eu sou a palavra, o mundo, a verdade e tudo que existe! Sou minha, mas tão minha que só sei ser se for pra ser de todos. Compartilhe-se.

sábado, 8 de agosto de 2009

22

É como se eu derretesse internamente e toda a nova massa não conseguisse se posicionar com precisão. Doente, não só o corpo pois que além do constante enjoô e aceleramento cardíaco, eu me sinto insana. Obssessivamente em paranóia, vasculhando em becos uma maquinaria capaz de registrar os movimentos tão fugazes teus, eu só desentendo. Como assim? Isso é para fracos, e a minha arrogância me põe num pedestal de super-mulher que aprendeu muito em pouco. Meus olhos, os dois em par, negam-se a absorver os mil impactos. O trem apita ao longe, a panela de pressão estoura, e eu me amarrei aos trilhos. Então surge o breve arrependimento, já inútil. Sei dar bons nós. Eu era tudo que você precisa.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

21

Gastei muitas páginas do meu bloco e nada pareceu realmente transmitir o que eu sentia, as palavras não pareciam vomitadas como deveriam. Eu senti a necessidade de algo agressivo nessas linhas, embasadas na raiva que senti, esta mesma que ainda sinto pingando e deixando um rastro sujo não-condizente com a típica camuflagem que uso. E o algo forte que encontrei para expectorar minha avidez foi a sinceridade: eu te amei, sabia? Do jeito mais imaturo e despretensioso que alguém já fez, mas amei. Nem tão supérfluo do que eu imaginava, porém não posso dizer que tenho boas memórias. Ou posso, mas não são tão boas assim... Te faltou tamanha masculinidade, apesar dos traços robustos teus. Eu senti falta de ter um homem do meu lado, que pensasse e agisse como tal. Eu só via uma criança, insegura, pisando em seus próprios pés de forma patética. Enxergando-se como superior, dono de toda a razão, e sendo só mais um que daria com a cara no vidro. Nem sempre as barreiras são visíveis, meu caro. E quando penso em todas as vezes que você me acusou, me negligenciou, me julgou erroneamente, não consigo separar da memória cada dia em que eu me senti culpada e obscena, imoralizada pelo mais sem moral de todos os tempos. Me sinto enojada e ao mesmo tempo não seguro o riso ao te imaginar cheio da bossa, com outras, quando na realidade é tão impotente que não conseguiu fazer ninguém feliz, nem a você mesmo. Eu não consigo aceitar o tanto que demorei pra perceber o quanto é bom ter alguém em casa que se preocupe e te encha de cuidados, e não consigo enfiar na cabeça como eu pude me contentar com issozinho que você me ofereceu. Além de ser pouco, era uma merda. E hoje eu tenho tudo o que sempre quis, semi-utópicamente: um só e vários ao mesmo tempo, vivendo em perfeita harmonia. Meu ideal de open relationship estava aqui o tempo todo e precisei quebrar a cara 30 vezes (contadas) para enxergá-lo. Eu me sinto viva, renovada, me sinto limpa e linda, me sinto boa, me valorizo. No fundo, eu quase te devo um obrigada, por ter reaprendido a me amar. Eles têm um gosto muito mais doce, e eu já sei: Tempos bons estão por vir.

sábado, 16 de maio de 2009

20


Excepcional: Manhã e noite, gélidas. Bem do jeito que eu amo-odeio, todos os dias. Os preceitos a serem cumpridos mais as minhas guerrilhas pseudointernas, meus porres e gafes, meus amores incorretamente amados, e sem esquecer de somar os raros momentos de sobriedade: tudo isso quis botar num texto que fosse tão frio quanto você. Tão frio quanto eu me achei ser a vida toda... Eu nunca quis ser forte. É bom ser amparada, ter asas protetoras te cubrindo, ser frágil é tão cheio de simplicidade! Eu digo: alegre-se com seu pranto. Ele é uma dádiva. Chorar é tão maravilhoso! É banhar-se por dentro, é exorcizar seus demônios, é lindo e ameniza as dores. Eu tenho inveja quando vejo uma lágrima rolar do rosto de alguém, pois eu... eu não possuo esse dom. Eu me bloqueio, meu sistema de alarme tranca tudo, e por mais que doa, a água não escorre. Fica presa nos olhos implorando pra sair, mas fica. Eu queria ser uma cachoeira de sal aguado, fraquinha. Mas a vida quis diferente. Ela mandou eu sair na rua e apanhar até não aguentar mais. Depois disse para eu passar meses de ressaca e amadurecer até quase apodrecer. E tanto fortaleza virei, que os olhos desidrataram e eu aprendi a deixar partir as coisas que amo. Eu sou suficientemente sólida para isso. E nisso confundi o quesito sensação térmica das coisas, de mim. Minhas mãos podem ser frias mas por dentro eu fervo. Um bloco rijo de gelo quente, derretendo cada vez mais endurecido. Eu nunca quis ser forte.

sábado, 9 de maio de 2009

19

O clima não enregelou apenas as mãos, esfriei ainda que fervendo, alobotômica. O gosto de fruta inextinguivel se mixa furtivamente ao sabor ferrugem da dele. Mais amargo, estou ciente, mas ainda meu preferido. Não escolhido, se fosse opcional eu me manteria saudável. Fruta é saudável, é degustável. Sangue não. Sangrar exije cortes, dor. Mas são cortes seus, a língua é minha, a boca é sua! E por que a faca atinge a mim?

terça-feira, 21 de abril de 2009

18

Era a noite. A já ansiada antes, chegando ferozmente delirante. Foi-se um copo e com ele a lucidez, não só a minha mas a de todas. Todos. Como se dedos imundos pudessem alterar a velocidade dos meus ponteiros mentais, ela foi embora como um vulto, assim como ele. Pois naquele esperado enoitecer, uma bomba de mentiras, descrença e volúpia fez com que o chão abrisse, mas vocês permaneceram em pé. alguns não. alguns eu, alguns tu. A minha boca sangrou, e a dele secou enquanto meu pulso era fortemente segurado. Dois olhos não bastaram para tamanha mágoa, e no dia seguinte... ah, no dia seguinte: choveu.

sábado, 11 de abril de 2009

17

Minha esposa dúvida transformou-se em implícita. Antes o que me faltava eram respostas, agora o vazio se chama crença. É tão fácil penetrar seus olhos fundos e encontrar uma inocência imaculada, acompanhada da carga de 10 tonéis já costumeira. Por todas as vezes que lançastes aquele olhar que me consome e quando perto de mim sua respiração ofega, a fé em ti ancora-se e me preenche. Me sobe desde os pés e transborda pela boca, que te beija e clama, rogando pela verdade pura que então enxergo. Mas quando te vais, levas junto minha convicção. Tuas atitudes são sujas e infames, modificado longe de mim, recriando assim nosso ex-futuro. São fábulas suas, moreno, trapaças enlameadas de areia, simulacros bem disfarçados em seu sorriso retangular. E tristemente eu as reconheço, ainda esperando que sejam devaneios meus; e não patranhas saindo de teus dentes, os mesmos que me machucam de prazer cego. Não iluda-se achando que a iludida sou eu; sou ladina, canino. Juras falsas de amor não me tocam, só tangibilidade significará a tua-nossa vitória.

domingo, 29 de março de 2009

16

Depois de uma dúzia de paragrafos e 2 garrafas de vodka, me ganha o ímpeto de tornar publicas as minhas maledicências. Gangorrra e gangrena, esquecer de respirar nunca foi tão costumeiro. Se não isso, seu inverso: a sensação de que meu pulmões deviam ser maiores. Agonia em essência, entubada. Não existem flores suficientes para o bem-me-quer meu. Pra onde foram as pistas, que me assolavam diariamente, sussurrando meu modo certo de agir, decretando fatos enlaçados pelo destino? Minha concentração morta, meus princípios afetados. E meus valores, intactos? Honestamente, tais altercações me incomodam deveras mais do que deveriam. Eu só queria solucionar a interrogação, queria ao menos saber a pergunta que vem antes desta. Uma cadeia de incógnitas, um mar vasto de hesitações e dubiedades, penúrias e tormentos, densidades. Tantos vazios me pungindo que quase me enchem. Me deixe saber se vou ou se fico, me informe, é de ti que aguardo uma réplica! Eu quero, e essa é a carta mais errante já escrita, moreno.

domingo, 8 de março de 2009

15

Quis os dois. Dane-se, nenhum dos ditos me tem comando. Nenhum 'não' chegou até mim. Nem uma advertência sequer alertou-me da possibilidade de erro. Erro não sucedido aliás... Mais uma vez, tudo conspirou ao mais conveniente. Até mesmo posso me sentir apaixonada, mas minha paleta é meu xodó. Meu albúm de figurinhas, meu catálogo. Ah, como eu o adoro! Nada supera o poder da escolha, o gostinho de história que fica na boca, a arte de iludir e ser iludida (ou fingir).
E eu optei pela variedade. Olho ao redor e vejo mil coisas que me interessam, me chamam desesperadamente! Venha para mim, para cá, para dentro, venha aqui: e eu te aceito, ó convite tentador. Desejo mais, mais, mais, o tempo inteiro mais, mais intenso cego doloroso lindo e quente. E nem sei informar outrem se almejo parar em breve... É a minha diversão, minha condição. Deep inside eu só quero uma coisa, um ser só que me faz inteiramente feliz, mas meus sentidos me traem, indignamente, irriquietamente. Duplicar é viciante, e eu adoro doses duplas.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

14

Estive fechada. Por durável período, cerrei as portas e janelas de mim. Simplesmente determinei que a claridade não mais habitaria meu eu, quis reclusão, quis confinar-me, quis estar só. E consegui todas essas coisas estúpidas que almejei. Ah, como dói a solidão, se sentir um passarinho, presa em suas próprias grades. Já é costumeiro de mim, criar falsos impedimentos, tecer as teias onde eu mesma caio, cadear minhas algemas. Mas esse episódio teve um gosto mais amargo: o do meu veneno. Máscaras, fingimento, simulacros, dissimulação, hipocrisia, disfarçes, fachadas, mais máscaras! É tão difícil reobter sua essência. Mas aqui estou (with arms wide open) preparada e expectante, nunca tanto auspiciosa, arrebentando minhas amarras, esperando a luz chegar. Antes tarde do que nunca, eu digo: ano novo... vida nova