terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Amando Amanda

E foi uma avalanche. Um percorrer sucinto de acontecimentos lascivos que me levaram com ela. Cada pedacinho de mim, e assim, despedaçada. Porque qualquer forma de estar ao lado dela era válida, ainda que me queimasse em carne crua, aunque me levasse a exaustão. Porque eu havia esquecido deveras profundamente como era esse sentimento lívido de se querer à alguém mais que a si mesmo. Da vontade de se dar por completo, no sentido mais divino, e também no mais pagão. Da ânsia de se ter por completo, te ter em complexo, ser um lar. Teu doce lar, teu mais incontestável porto. Todo o meu coração pede para que seja em mim teu pouso. E do esquecimento remanescente acendeu-se um fogo maciço, alimentado pelas memórias mais ternas. Do primeiro toque, eu ainda lembro do calafrio ao dar-te aquele beijo. Da música a qual dançamos com o coração envolto de paixão e expectativa. Da prima viagem, e as saudades, e as palavras como canção de ninar. E então ser tua namorada, e ser tua, repetidas vezes tua. Dos gemidos e retorções, da tua boca em minha, das pernas enlaçadas. E conhecer teu mundo, e tua vida, e tua nascente. E me apaixonar por cada pedacinho de ti, despedaçado. Uma aliança tão sublime que me faz sucumbir ao medo. Amor, você não percebe que é medo? Eu temo absurdos, e me desaguo apavorada. Eu demorei uma maioridade pra me permitir sentir um outro ser de maneira tão intensa. Ao menor sinal da sensação de escorrer-me pelos dedos, eu descontrolo; Me traz a calma que eu te trago o amor. Dê cor a minha vida com o caos dos problemas; mas depois me envolva de paz, e eu te trarei a mim. Vem abrir o tempo na minha janela. O que é uma santa chuva de verão pra quem já carrega o infinito?

sábado, 1 de maio de 2010

30

Eu poderia achar inúmeras faces para as altercações que dançam atrás dos meus olhos neste segundo, pois que sempre fui boa em nomear as coisas; e em fazê-lo de forma subjetiva, dúbia, possibilitando olhares e interpretações conflitantes. Mas não hoje. Hoje, o que eu sinto circular pelas minhas veias é tão abstrato, tão intocável, que eu fico receosa de identificá-lo. É como um medo de ser engolida por mim mesma, como se eu rezasse para não cometer autofagia. Eu sempre fui um perigo para mim... Posso até dizer que lutei contra esse sentimento auto-destrutivo, e que torcia para perder. Essas luzes masoquistas me fazem seduzida, eu aprendi a gostar da dor num vasto quadro de significados, de forma doente, até me esgotar. Então, eu escolho agora para ser o instante do meu "T". Eu peço tempo, eu peço água, i surrender. Eu preciso de uma luz que realmente leve a noite embora, preciso de um pedacinho de ar nesse deserto de areia fina. (As máscaras não caíram, eu estou presa dentro da minha armadura!) É minha oração, i pray to be only yours. Eu preciso jogar pro meu time dessa vez, não faz mais sentido fazer gols contra.

Dar-te-ei olhos para forçar-te a enxergar, e isso dói: por não saber a quem envio essa súplica. Você é meu destino(átario)?