sexta-feira, 6 de abril de 2012

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Eu não tenho a menor noção de quem eu seja. Todo o ego, auto-afirmação, social pose, tudo vão, tudo vil. Na realidade, eu morro de medo de quem eu seja, fujo incansavelmente das minhas próprias verdades. Engraçado, nossa galáxia tem 120 mil anos-luz de diâmetro, e o sistema solar leva 250 milhões de anos para dar uma única volta ao redor de sua órbita. Sou um átomo dentro da densa vastidão universal. Parece tão tolo, tão insignificante, esse desejo ardente de encontrar-me e reencontrar-me todos os dias. Mas também temos mais neurônios no cérebro do que estrelas na via-láctea, sabe? Eu sou do tamanho da imensidão. Consciente. Minha mente inquieta alavancada por um coração quente como lava. Os pensamentos que me rodeiam, ora como borboletas, ora como corvos, me fazendo ignorar quem se esconde por trás do buraco, o meu mais puro intrínseco eu; reflete na luz cortante da perseverante insatisfação, eterna graça de estar constantemente incompleta. Só sei que nada sei. Sou.