terça-feira, 21 de abril de 2009

18

Era a noite. A já ansiada antes, chegando ferozmente delirante. Foi-se um copo e com ele a lucidez, não só a minha mas a de todas. Todos. Como se dedos imundos pudessem alterar a velocidade dos meus ponteiros mentais, ela foi embora como um vulto, assim como ele. Pois naquele esperado enoitecer, uma bomba de mentiras, descrença e volúpia fez com que o chão abrisse, mas vocês permaneceram em pé. alguns não. alguns eu, alguns tu. A minha boca sangrou, e a dele secou enquanto meu pulso era fortemente segurado. Dois olhos não bastaram para tamanha mágoa, e no dia seguinte... ah, no dia seguinte: choveu.

sábado, 11 de abril de 2009

17

Minha esposa dúvida transformou-se em implícita. Antes o que me faltava eram respostas, agora o vazio se chama crença. É tão fácil penetrar seus olhos fundos e encontrar uma inocência imaculada, acompanhada da carga de 10 tonéis já costumeira. Por todas as vezes que lançastes aquele olhar que me consome e quando perto de mim sua respiração ofega, a fé em ti ancora-se e me preenche. Me sobe desde os pés e transborda pela boca, que te beija e clama, rogando pela verdade pura que então enxergo. Mas quando te vais, levas junto minha convicção. Tuas atitudes são sujas e infames, modificado longe de mim, recriando assim nosso ex-futuro. São fábulas suas, moreno, trapaças enlameadas de areia, simulacros bem disfarçados em seu sorriso retangular. E tristemente eu as reconheço, ainda esperando que sejam devaneios meus; e não patranhas saindo de teus dentes, os mesmos que me machucam de prazer cego. Não iluda-se achando que a iludida sou eu; sou ladina, canino. Juras falsas de amor não me tocam, só tangibilidade significará a tua-nossa vitória.