segunda-feira, 15 de junho de 2009

21

Gastei muitas páginas do meu bloco e nada pareceu realmente transmitir o que eu sentia, as palavras não pareciam vomitadas como deveriam. Eu senti a necessidade de algo agressivo nessas linhas, embasadas na raiva que senti, esta mesma que ainda sinto pingando e deixando um rastro sujo não-condizente com a típica camuflagem que uso. E o algo forte que encontrei para expectorar minha avidez foi a sinceridade: eu te amei, sabia? Do jeito mais imaturo e despretensioso que alguém já fez, mas amei. Nem tão supérfluo do que eu imaginava, porém não posso dizer que tenho boas memórias. Ou posso, mas não são tão boas assim... Te faltou tamanha masculinidade, apesar dos traços robustos teus. Eu senti falta de ter um homem do meu lado, que pensasse e agisse como tal. Eu só via uma criança, insegura, pisando em seus próprios pés de forma patética. Enxergando-se como superior, dono de toda a razão, e sendo só mais um que daria com a cara no vidro. Nem sempre as barreiras são visíveis, meu caro. E quando penso em todas as vezes que você me acusou, me negligenciou, me julgou erroneamente, não consigo separar da memória cada dia em que eu me senti culpada e obscena, imoralizada pelo mais sem moral de todos os tempos. Me sinto enojada e ao mesmo tempo não seguro o riso ao te imaginar cheio da bossa, com outras, quando na realidade é tão impotente que não conseguiu fazer ninguém feliz, nem a você mesmo. Eu não consigo aceitar o tanto que demorei pra perceber o quanto é bom ter alguém em casa que se preocupe e te encha de cuidados, e não consigo enfiar na cabeça como eu pude me contentar com issozinho que você me ofereceu. Além de ser pouco, era uma merda. E hoje eu tenho tudo o que sempre quis, semi-utópicamente: um só e vários ao mesmo tempo, vivendo em perfeita harmonia. Meu ideal de open relationship estava aqui o tempo todo e precisei quebrar a cara 30 vezes (contadas) para enxergá-lo. Eu me sinto viva, renovada, me sinto limpa e linda, me sinto boa, me valorizo. No fundo, eu quase te devo um obrigada, por ter reaprendido a me amar. Eles têm um gosto muito mais doce, e eu já sei: Tempos bons estão por vir.

5 comentários:

Luiz Ricardo disse...

gostei muito. adoro poder ler e pôr na minha própria vida, mostra que sabe escrever não pra si, pro mundo! espero que tempos bons venham mesmo, menina.. beijos ;)

Matheus Moreira Moraes disse...

me preocupo e te encho de cuidados

rola ou n gata

-bjs

Augusto Rosa Leite disse...

ai o waltinho entende as mulheres!
esahiuease

Gabyh Banki disse...

mt legal, mesmo. assim como vc disse q se identificou com o meu texto, tive essa reação com o seu.

garota forte, vc ein?
certamente, bons tempos virão. para todas nós.
;*

Junkie Careta disse...

Sorry pela intromissão,

A espontaneidade do seu comentário no texto de Gabyh, me causou a curiosidade e parei aqui.

Devo dizer que foi uma grata surpresa.Tenho dito isso nos blogs femininos que visito que, demasiadas vezes,os textos femininos carecem de uma certa coragem de ousar,de falar o que é inconveniente e constrangedor e, na maioria das vezes condenável por culpa da nossa herança católica, especialmente no ideário feminino. Você, ao se expor aqui em seu texto de forma tão franca e honesta, apresentou um texto coerente, verdadeiro e , por conseguinte,sensível. Outras mulheres tiveram essa coragem de transgredir e deixaram sua marca no mundo das letras: Clarice, Anais Nin, Virginia Woolf,só pra citar algumas.

Eu no lugar dele, teria metido a cabeça em alguma privada. Infelizmente, nós homens somos mesmo assim, com esse gene da estupidez e do egocentrismo que na maioria das vezes não nos deixa reconhecer uma grande mulher. Mas, um dia a gente amadurece e aprende. As porradas são excelentes professoras. ]

Espero que vc não se incomode se eu voltar mais vezes.

Parabéns pelo texto.