sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

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Senti a boca seca. Eu nunca fui o tipo amedrontada, sabe. Sempre tive esse quê de corajosa, sempre me desafiando, indo até as últimas adversidades. Disposta a dar o mesmo lado da face à tapa vezes e vezes, quase que inconseqüente. Mas é que nessa última vez, foram tantos e tão fortes que imagino o sangue nem sequer ter parado de escorrer ainda, pequena. Eu nunca me vi como frágil, e também não acho que sejas. Sinto que o que nos uniu de alguma forma naquela quinta-feira desfocada foi esse instante despedaçado de ambas. Apesar de toda a vodca e da amnésia alcoólica, não sei explicar o porquê, mas cada momento em que estive contigo é perfeitamente claro em minhas memórias. O momento em que te beijei pela primeira vez, a nossa respiração ofegante, o nosso paraíso atrás de uma porta de banheiro... E outra coisa bem nítida aqui é lembrar que teus olhos, os mesmo olhos que me hipnotizaram na manhã seguinte, me pareciam embotados num sentimento disperso de toda aquela festa, fragmentados. Motivo de eu te ver pisciana, cabendo perfeitamente em meu aquário. Bonita num mundo a parte, sendo levada por mim ao meu próprio. Os bloqueios são também meus; eu, que tenho Impulsiva como último nome, me deparei em frente a um ponto de luz no meio de toda essa bagunça. Senti vontade de colar teus pedacinhos um por um, te devorar muito além de com bocas e mãos, mas me contive a te ter supérfluo, para não perder-te em meio a tanto caos. Assombrada, receosa de me permitir. Permitir sentir toda a tua complexidade, apesar do tudo já absorvido entre os nossos carinhos cheios de entrelinhas. E ainda assim fui falha, visto que te enxerguei muito além, e que habitastes meus devaneios durante os dias afim mais do que esperava. Eu sei que podia te escrever muito melhor do que essas linhas bem do tortas, mas eu acho que é assim que as palavras saem quando elas tem essa urgência, esse desespero por trás. Também acho que as obras-primas saem de sentimentos de dor, de tristeza. O que me despertas é deveras doce para provocar palavras de um poeta amargurado.

Me peguei pensando coisas engraçadas. Do tipo 'Eu gosto do jeito que ela pisca.' Do tipo 'Ela parece meu pokemón favorito.' Do tipo 'É, Eevee, eu escolho você.'

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